1. |
Menino no Rio
01:55
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Menino no Rio
2 paus
7 copas
9 espadas
5 lágrimas
uma vida
uma árvore
um livro
três páginas
2 pulsos
11lâminas
13 luas
1 sol
um iceberg
em terras áridas
sou
um menino no rio
um homem a sonhar
um anjo na terra
um deus a sonhar
tom de pele azul
com ascendente roxo
malandro, onde a coruja dorme
dorme como mocho
murucutu de pantufas
voo silencioso
acredito no azar, mas não sou supersticioso
há matemáticos que fazem cálculos
com o universo no bolso
sou do tempo dos sem máquina de calcular
mas tive que me adaptar e proteger o meu osso
Danny sem coleira
arte livros e música
Estou de pijama porque acabei de acordar
para uma nova vida
de uma nova morte
deseja-me sorte
aperta o garrote
se não corre nas veias não indica o Norte
mágico de serrote
desta vez não vou deitado
troquei de lado
agora sou...
mágico de serrote
menino no rio
um homem no mar
um anjo na Terra
um deus a sonhar.
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2. |
Todo o Fado é Vadio
03:39
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Todo o Fado é Vadio
ya
sou mais um Anjo Caído
ténis sanjo encardido
e um banjo partido
com o qual toco música de ouvido
ao gosto do meu sexto sentido
assumi a minha culpa
sou minha própria tulpa
antes livre arbítrio
do que ao destino pedir desculpa
por ter chegado atrasado!?!?
sempre ouvi dizer que :
“- vale mais tarde que adiantado e não estar preparado”
é como ir para o primário sem passar pelo infantário
e todos os dias fazer o T.P.C.
para não ser mais um subsidiário
mais um artista com ideias?!?!
já nos chega Deus
eles não querem ninguém a questionar :
“para onde é que vão as estrelas quando morrem?
será que há outro paraíso para além dos Céus?”
arrasto as minhas penas, até um dia escolher voar.
todo o fado é vadio
ya
hoje não me apetece acordar
qual é a diferença entre viver o meu sonho e continuar a sonhar
todo o fado é vadio
deixa-me estar
para uns isto é a cauda da Europa
para mim é a vista para o Mar
todo o fado é vadio
todo o fado é vadio
e todos nós temos encontro marcado com o Destino
Às 11 no Bugio.
A Desgarrada
roupa rasgada
alma encharcada
do fundo da garrafa
do beco do nada
lábios cor de vinho
uma unha pintada
severa
ela é Filha da Madrugada
homens lhe pagam para ela se ir embora
e levar consigo no ventre a amargura
mas onde a alma não é pequena
o pecado não mora
ela ainda é virgem
mas já tem mamar de cobra
foice à cintura
a doença é a cura
o para sempre não dura
e a verdade não jura
e ela é sem auto-censura
Virgem Negra
como Nossa Senhora.
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3. |
Navalha de Occam
03:41
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Navalha de Occam
até falava das minhas jantes
mas eu vim de elefante
o mundo cada vez mais moderno
e eu cada vez mais como antes
afio lápis em cassetes
sonho com mundos distantes
rezo em Línguas aos lábios d’Ela
cores berrantes nos altifalantes
olhos brilhantes
alma Nómada
ganhei as minhas Asas
na cama de Sodoma
sem olhar para trás
deixei um velho Testamento na cómoda
...a arder...
Eu tenho a minha Navalha de Occam
Eu tenho a minha Espada de Ogum
se esta vida são dois dias
é natural que viva o Carnaval
mas do que é que a carne me vale
quando não me vejo um corpo inteiro?
Osíris.
nada sou sem minha Ísis, o meu Trono
e o meu Terreiro.
“o tempo dá, o tempo tira
o tempo passa, a folha vira.”
estou de volta ao pé de Iroko
onde dei de descanso ao Quíron
cada vez mais Louko, atópico e fora da Gira
Akira
um só caminho na mira
tapete vermelho em chamas
a sede na boca
e a cabeça cheia de vinho
sai da frente
deixa-me morrer sozinho
eu sou dono do meu destino
avó Clara.
Eu tenho a minha Navalha de Occam
Eu tenho a minha Espada de Ogum
quantos de nós estamos a pensar
que de viver é preciso parar
e voltar a sonhar a vida como ela é
e não como a estamos a pensar e voltamos a pensar?
o Homem é logo existe
em cada Plank do Espectro de Luz que o liga àquilo que acredita
mesmo que não exista
será que um dia acreditarei em mim?
testes de matemática aplicada para mim perguntam o mesmo
toca-me no peito
provoca um sismo
traz-me de volta à vida como ela é
e não como a estamos a pensar e voltamos a pensar
e voltamos a pensar
eternos instantes.
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4. |
Godis Godi Manis Man
02:57
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Godis Godi Manis Man
eu estou perto do Céu
mas eu vivo aqui na Terra
e tenho os pés cheios de terra
porque eu vivo aqui na Terra
Sacode o Pó
às vezes
confundo pó das estrelas com pó do chão
não vejo diferença entre magia e ilusão
profeta de cajado ou policial de bastão
às vezes digo sim quando queria dizer...
talvez
não haja diferença entre Cara e Coroa
e a Coroa seja o Coração
e sendo assim
qualquer pessoa
seja má ou boa
tudo o que ela almeja é a Coroação
...ou talvez não...
dá-me dá-me um pedaço do Céu
dá-me dá-me um pedaço do Céu
dá-me dá-me um pedaço do Céu
eu estou perto do Céu
mas eu vivo aqui na Terra
e tenho os pés cheios de terra
porque eu vivo aqui na Terra
Sacode o Pó
Pó Pó Pó
Sacode o Pó
Pó Pó Pó
eu vendi a alma ao diabo
por um visto no passaporte
há poucos lugares no Céu
e a Terra está ao barrote
para quê ir deitado
se posso ser o Mágico de Serrote?
dá-me dá-me um pedaço do Céu
dá-me dá-me um pedaço do Céu
dá-me dá-me um pedaço do Céu
mas eu vivo aqui na Terra
mas eu vivo aqui na Terra
mas eu vivo aqui na Terra
mas eu vivo aqui na Terra
.
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5. |
NИ
03:43
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ИN
para alterar como isto funciona eu alterei o meu cromossoma,
alterei a minha maneira de pensar,
E alterei o meu idioma.
não só alterei a questão,
como alterei como se questiona...
eu estou tão alterado
que já não tenho forma.
por norma,
eu tenho um copo meio cheio que nunca entorna,
sem norma,
garrafas vazias, meu corpo em coma.
mas toma,
subtraíste-me agora soma,
hoje sou um Homem novo,
como se acabado de sair da…
calma, mantém a frieza
três cartas na manga
pistola debaixo da mesa
há que estar sempre preparado para o elemento surpresa
pois aquilo que menos esperas é o que mais na balança pesa
o inevitável existe
tu não tens tudo sob controle
há muita coisa que aqui se passa
que não gira à volta do Sol
captas?
ou és lento como um caracol
tão lento que ainda não percebeste que isto não é só sexo drogas e rock n’roll
sexo drogas e rock n’ roll
sexo drogas e futebol
tanto sexo e tantas drogas que ficaste com ela mole
é claro que falo da mente
pois é lá que eu resido
à procura da musicalidade no meio de todo este ruído
muitos génios e genealidade
mas ninguém atende o meu pedido
quanto mais esfrego a lâmpada
mais tem escurecido
eles me querem subdesenvolvido e subnutrido
mas eu não lhes dou ouvidos e subo e sigo
isto não é caspa o que tu vês
é o pó das estrelas
para quê só sonhar com elas
quando podes sê-las?
tu já sabes como te sentes assim só em vê-las
imagina um dia abrir os olhos
e poder sê-las
porque brilhar como elas é o nosso destino
o mundo está de pernas para o ar… faz o pino!!
a solução é tão básica que o seu pH é alcalino
e é assim que eu me expresso
a.k.a. cimbalino
pois é ca’fé que tenho
que eu defino o meu caminho
capacete de astronauta e as estrelas alinho
muitos julgam que é para a foto
e dizem “olhó passarinho”
mas isto é real
tipo chapada
no focinho.
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6. |
Über Alles
01:32
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Über Alles
ando sempre com ele na meia
mas já o vi aos quadrados
já o injetei na veia
e o contemplei de olhos revirados
mergulhei na noite apneia
até os pulmões ficarem encharcados
de manhã ele veio
e perdoou todos os meus pecados
8 minutos
e tudo era orvalho
desde o cepo ao mais alto galho
levantei a cara do soalho
sacudi do cabelo o grisalho
tirei o dedo do gatilho
e fiz-me ao atalho
menos uma carta no baralho
roda no pé
hoje sou sem cabeçalho
feiticeiro de OZ
sigo Dorothy como um espantalho
à procura da agulha
no meio de tanto palho
nos meus bolsos cascalho
ontem eram pedras no meu caminho
amanhã terei um castelo de areia
e a vida escrita em pergaminho
“à beira mar plantado”
onde vou morrer sozinho
a combater mais um moinho
sim
eu sei que vou morrer sozinho
mas eu não estou a sonhar sozinho
remoinho.
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7. |
Yamens!
02:29
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8. |
O Bode Cuspia
02:53
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O Bode Cuspia
ascendi a Capricórnio
por estar mais cabrão agora apontam-me como demónio
mas nunca fui Santo
e muito menos António
a selva nunca foi lugar para campónio
tenho um par de cornos
porque a vida é uma ...
nah...
na verdade ela sempre me foi fiel
e o cabrão aqui fui eu
mas já não peço desculpas
faço tudo de propósito
“- e o erro?”
faz parte do meu propósito
que se foda fazer sempre o bem
quando o mal também atesta o meu depósito.
o meu sorriso denunciava-me no escuro
sem sorriso, poucos são aqueles que saltam o muro
do outro lado imaginam o Cérbero com cérebro e tronco duro
medo do futuro
confiança na aparência
chama-se nomes à inteligência
troca-se sonhos pelo que se chama de sapiência
por serem molhados e terem um toque de demência
“- perdoa-lhes Pai que eles não sabem o que fazem...”
carreguei a cruz para além dos limites da cidade
mas o albino está de volta
e mais fresco
eu sou o anticristo
aquele traz a má novidade :
- o bode cuspia não
o bode ainda cospe
notícia de primeira página no teu melhor quiosque
estou de volta
mas nunca dei de frosque
apenas fui ali aliviar a tripa ao bosque
Ele É
o Super-Bode
vilão.
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9. |
Glossolália
04:46
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Glossolália
kubinga binga binga ngi binga
bakulo ngi binga
kubinga binga binga ngi binga
kuonene Nzamba
kuzamba
o futuro é agora
o pretérito está perfeito
não mexe mais
aceito o meu nome
a Voz escutou-me
sobrenome
diferente dos pais
impronunciável
Espírito Santo
meu lado humano está pranto
pronto para dar à luz
2013 anos depois de Jesus
Deus ex Machina
no multidão eu sou aquele de capuz
um estranho num mundo estranho
onde não há rosa sem cruz
sensações claras
chãos incomuns
acesso à planta através da sua raíz
vou ao centro da terra
à procura de samples em discos vinis
Júlio Verne
São Francisco de Assiz
padre do deserto com a marca da flor de lis
criminoso até ao osso da cabeça aos pés
glossolália
consulta o espírito
se não percebes o Português
kubinga binga binga ngi binga
bakulo ngi binga
kubinga binga binga ngi binga
kuonene Nzamba
kuzamba
bandana ao pescoço
deus deu a palavra
alguém deu o número
e eu dei o meu preço
já não sei o caminho de regresso
estou fora da mente
de frente para a serpente
qual é a relação entre o medo e o sucesso?
sem túnica ou armadura rezo
devia de ter cuidado com o peço
mas parece que pouco aprendo e só envelheço
novo começo
para mostrar que há um todo
deus deu-me um terço
e um pé de gesso
calcei a luva já que ninguém sai daqui ileso
glossolália
herói depois da morte
vilão no processo
kubinga binga binga ngi binga
bakulo ngi binga
kubinga binga binga ngi binga
kuonene Nzamba
kuzamba
nga mono kiá ó nganji ie
nga mono kia ó kuandala kué
ngala nimutué uá diala
nguibane ó muquengueji nga kudiondo
ó kuitota ngodo kuitena kié ni mauta menu?
nguibane ó maúta mami
nguibane ó muquengueji nga kudiondo
Tradução do Kimbundo para Português
eu peço a bênção aos meus ancestrais
eu peço a bênção ao Grande Elefante
já senti a tua ira
já senti o teu amor
tenho cabeça de homem
ilumina-me por favor
como posso ganhar a guerra usando as armas deles?
faz delas minhas próprias armas
ilumina-me por favor
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10. |
Eu Vou Morrer Sozinho
04:17
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EVMS
saí para comprar tabaco
fumar mata e estava um belo dia para morrer
eu nem se quer fumo... tabaco
mas estava um belo dia para morrer
mais um livro para a fogueira
três páginas a arder
feliz é quem lê para aquecer
mas como eu estava para dizer...
estava um belo dia para morrer
e tinha a roupa a condizer
nu com a faca no bolso
sem coleira ao pescoço
e nada a perder
em jejum com Lazarus no Poço
a ouvir o que Betânia tem para dizer
estava mesmo um belo dia para morrer
jantar marcado com a morte às 20:12
e ao contrário de mim
a morte nunca atrasou-se
provavelmente só ouvirás isto às 20:13
pois só depois da morte serei famoso
mas como eu estava a dizer...
o tabaco aumentou outra vez
às vezes é preciso sofrer para morrer
de olhos brilhantes
transformei as minhas lágrimas em diamantes
o dinheiro não traz felicidade mas ajuda
(encontrei o Buda)
tirei a faca do bolso e matei o Buda
o que é que se há de fazer quando uma pessoa não muda?!?!
pois uma pessoa só muda em direção àquilo que é
e aquilo que é
é aquilo que sempre foi
apenas não o sabia...
fui.
eu vou voltar a ser pó
fazer crack no vinil
eu vou voltar a ser pó
fazer crack nesta realidade senil
eu vou voltar a ser água
água fora do cantil
direto para a boca do inferno
matar a sede de Abril
eu vou voltar a ser pó
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EVMS Lisbon, Portugal
The Artisan of Sirius C
“if this says nothing to you, read the parched of my lips
and you will understand that I feel the thirst of yours”
O Artesão de Siriús C
“se isto nada te diz, lê o ressequido dos meus lábios e entenderás que sinto a sede dos teus”
... more
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